Acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade, até porque são desarmadas pela própria natureza: nascem sem pênis, sem o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representado por pistolas, revólveres, flechas, espadas.
Ninguém lhes dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como fazem
com os meninos, para fortalecer sua virilidade e violência. As mulheres detestam sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto.
Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência.
É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande
articuladora da paz. Para começar, queremos pregar o respeito ao corpo
da mulher.
Respeito às suas pernas, que têm varizes porque carregam latas d'água e
trouxas de roupa.
Respeito aos seus seios, que perderam a firmeza porque amamentaram
seus filhos ao longo dos anos.
Respeito ao seu dorso, que engrossou porque elas carregam o país nas costas.
São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e
valorizadas e puderem fazer prevalecer a ternura de suas mentes e a doçura
de seus corações.
Nem toda feiticeira é corcunda.
Nem toda brasileira é só bunda
22 setembro 2008
Mulheres na visão de Rita Lee
Publicada por Erna Becker à(s) 14:37
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