25 novembro 2007

ÚLTIMA ROMANTICA II

Um cigarro arde no cinzeiro
um mosquito sobrevoa a lâmpada acesa
eis-me acordada tendo nas mãos um isqueiro
e convidativos papéis
sobre a mesa...

Quero escrever algo que dorme em silêncio
dentro do meu peito de escrava sonhadora
a mão rabisca folhas soltas enquanto penso
e não consegue escrever
o que pensa a poetisa amadora...

Olho o cigarro
solitário se esvaindo
escrevo um nome que não ouso dizer
vejo a madrugada sobre a noite caindo
sinto saudade
e não sei como dizer...

As sombras crescem lá fora sem rumores
ruídos confundem meus ouvidos desatentos
tenho nas mãos adeus de grandes amores
e no coração cansados e frios desalentos...

E me sinto do amor a última romântica
e da vida ainda tenho sonhos inacabados
sou assim como uma cigarra que ainda canta
apesar da chuva e de ouvidos alienados...

Não é tristeza
não é amargura
o que me faz desperta nesta hora avançada
olho a distância
através da noite escura
e balbucio teu nome
numa rima pausada...

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